Papo médico #05

   

“Você consegue expressar com naturalidade aquilo que eu gostaria de gritar para o mundo, mas não consigo, porque a chateação é tão grande que as palavras se embaralham… Identifico nas suas frases a mesma indignação experimentada todos os dias por mim!”

Talita Alves Mesquita

(sobre o Meus Nervos!)

 

      Neste “Papo médico” reproduzo na íntegra um email muito especial, que recebi da Dra. Talita Alves de Mesquita. Vocês não fazem ideia do quanto fico feliz por ter me tornado, de certa forma, uma figura que representa o desabafo e a luta da classe médica. Gostaria de compartilhar com vocês o meu sentimento e o de muitos outros médicos através das palavras da Talita. Por favor, leiam até o fim!

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Olá!

      Sou médica formada há um ano, e quero que você saiba que sua arte me deixa profundamente aliviada… Você consegue expressar com naturalidade aquilo que eu gostaria de gritar para o mundo, mas não consigo, porque a chateação é tão grande que as palavras se embaralham… Identifico nas suas frases a mesma indignação experimentada todos os dias por mim! Isso me faz ter a certeza de que não sou um ET, e também não estou ficando louca. Acabo sublimando minha raiva diária dessa gente crua, desprovida de qualquer porção de sensibilidade, acessando seu site.

     Então… Te agradeço por ter a coragem e ânimo de se expressar de maneira tão brilhante. Saiba que essa realidade de injustiças e desrespeito vivida pelo médico não é algo regional. Já rodei esse pais e é sempre a mesma coisa.  Ah! Também não é exclusividade do SUS! Estava na espera de um consultório privado acompanhando um familiar quando comecei a escutar as mesmas murmurações tao proferidas nas esperas de posto de saúde: “Esse idiota desse médico que não me chama, me faz esperar horas, e um horror! E ainda cobra caro blá blá blá.” Só que esse cara não era um semi-analfabeto que vive de bolsa família! Era um militar uniformizado de alta patente…

     Quando é que sairemos do tronco? Tô cansada de apanhar trabalhando… Já fui chamada de “puta vagabunda” num plantão de feriado… O que me fez pensar que se realmente fosse “puta vagabunda” estaria sendo mais respeitada e com certeza ganhando beeem mais (Fica aí ate uma sugestão para uma tira: uma prostitua de luxo recebe setecentos reais por programa de uma hora. Eu recebo 400 num plantão de 12). Não tem explicação para tanto desrespeito. Estão nos tirando o direito de ser humanos. Mas enquanto apanho, uso suas tiras como analgésico. Que Deus ilumine sempre seu trabalho! Parabéns!

 

Talita Alves de Mesquita

(Enviado via iPad)

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